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Autorretrato de Alexander Von Humboldt |
Hmboldt, nascido em Berlin, conhecia tudo sobre o mundo do
seu tempo. Ele dedicou as suas últimas três décadas de vida escrevendo
"Kosmos", uma espécie de almanaque sobre os aspectos científicos de
todas as características da natureza. Embora não o tenha finalizado antes de
sua morte em 1859, os quatro volumes escritos são umas das mais ambiciosas
obras da ciência já publicadas, cobrindo uma vasta e extraordinária amplitude
do conhecimento humano.
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Mapa de 1823 usando as linhas isotérmicas, ligando áreas que possuem as mesmas temperaturas em média, criadas por Humboldt. |
Durante sua vida, Humboldt buscou as interconexões mundiais.
Hoje em dia o conhecimento pode parecer irremediavelmente fragmentado. As
ciências e as humanidades falam línguas diferentes, as disciplinas científicas
parecem imensuráveis e a universidade em si mais parece uma multiversidade. Em
oposição a esta realidade, Humboldt representava a aspiração para se englobar a
ordem; se nós olhássemos fundo o bastante, nós encontraríamos uma intrincada
harmonia fundamental.
Refletindo sobre suas ambições, Humboldt escreveu:
"A força principal que me direciona é o empenho em compreender o fenômeno dos objetos físicos em sua forma geral, e representar a natureza como uma grande e belíssima unidade, movida e animada por forças internas."
De forma a entender toda a ordem natural, Humboldt precisou
mergulhar em "formas especiais de estudo", sem a qual "todas as
tentativas de dar uma visão grande e geral do universo seriam nada mais que uma
vaga ilusão."
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Manuscrito de Humboldt, datado de 1817, mostrando a distribuição espacial das plantas. |
Quando Humboldt obteve a autorização espanhola para realizar
suas explorações, ele teve motivos bem diferentes das dos europeus que
visitavam as mesmas terras nunca antes descobertas. Diferente deles, ele não
estava interessado em aproveitar-se dos recursos e do povo nativo daquelas terras
para seu próprio bem. Ele não viu a América do Sul como um tesouro esperando
ser mandado para a Europa, mas sim como uma porta para se descobrir o
conhecimento esperando ser aberta. Através desta porta, ele iria revelar as
relações entre áreas distantes e as espécies que as habitavam.
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Humboldt e seu colega, Aimé Bonpland, ao lado do vulcão Chimborazo, no Equador. |
Outro legado Humboldtiano foi o apetite insaciável pela
exploração e a aventura. Na sua visão, o estudante do mundo deve sair de sua
área de conforto e explorar todos os cantos possíveis do planeta. Humboldt
incentivava os cientistas a fazerem do mundo o seu laboratório, empregando todo
o esforço e instrumentos em disposição da ciência para observar, medir e
catalogar tudo.
Humboldt transmitiu seu senso de aventura pela sua escrita.
Cientistas modernos escrevem na voz passiva, nos dando a idéia de que pessoas
desinteressantes e tediosas fazem o trabalho científico. Porém Humboldt nos
lembra que o pesquisador é um dos principais pilares da cência. A curiosidade é
tanto a centelha inicial que torna o questionamento possível quanto a fonte da
excitação que o mantém. Além disso, omitir o papel do pesquisador pode abrir
margens para formas de irresponsabilidades e desumanidades que Humboldt
condenava.
Além do suporte financeiro dado a outros cientistas,
incluindo o geólogo Louis Agassiz e o pai da química orgânica Justus VonLiebig, um dos maiores presentes de Humboldt era o poder de inspirar. Sobre ele
o famoso libertador americano Simon Bolivar escreveu: "o verdadeiro
descobridor da América do Sul foi o Humboldt, tendo em consideração que seu
trabalho foi muito mais proveitoso para o nosso povo do que o de todos os
conquistadores." E Charles Darwin, que descreveu Humboldt como "o
maior explorador científico que já viveu", dizendo em suas anotações que
Humboldt "fez crescer em mim uma ardente paixão em contribuir, mesmo que
da forma mais humilde, com a nobre estrutura da ciência natural."
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Humboldt anos antes de sua morte. |
Sobre sua influencia sobre a America, Emerson escreveu:
"ele é um daqueles pensamentos sobre o mundo que aparecem de tempos em
tempos, como que para nos mostrar as possibilidades da mente humana."
Humboldt influenciou poderosamente até mesmo a poesia de Walt Whitman, que
manteve uma cópia de Kosmos na sua mesa como uma fonte de inspiração enquanto
escrevia sua obra prima "Folhas de Relva". Tais exemplos dão idéia do
poder de espírito de Humboldt, que até hoje inspiram gerações de pesquisadores
a se aventurar no mundo e descobrir suas conexões fundamentais.
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