quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

"A evolução é inegável e o Criacionismo é tolo e ingênuo", diz Bill Nye.

Bill Nye the Science Guy

Com sua gravata borboleta inconfundível e entusiamo de criança, Bill Nye the Science Guy, dedicou décadas de sua vida ao estudo de vários tópicos científicos, de germes e bactérias a vulcões, apresentados em uma série de episódios para a tv americana. Em Fevereiro do ano passado, Bill Nye defendeu a teoria da evolução em um debate televisionado (em inglês) contra o criacionista Ken Ham e defensor da teoria da Terra jovem, que acredita na cronologia bíblica, atribuindo 6.000 anos de idade à Terra. A decisão de debater o tema gerou muita crítica para Nye, tanto da comunidade científica quanto dos criacionistas.


A experiência incentivou Bill Nye a escrever um "bê-á-bá" sobre a teoria da evolução, chamado "Undeniable: Evolution and the Science of Creation" (Inegável: A Evolução e a Ciência da Criação). Em seu novo livro, Nye descreve com satisfação como esta descoberta fundamental pode trazer a luz mistérios diversos, de abelhas às origens da humanidade, até mesmo nosso papel no universo.

Quem você espera ler este livro:

Adultos que possuem interesse no universo ao seu redor, pessoas mais velhas que possuem interesse na ciência, qualquer pessoa que queira saber como o mundo funciona.

Esta é a minha grande preocupação com respeito a organização Answers in Genesis (Respostas em Gênesis, organização fundada por Bill Nye), e Ken Ham e todos esses caras: sua implacável e teimosa doutrinação de uma geração de estudantes da ciência em uma visão que está obviamente errada.

Eu me preocupo com estas crianças, elas são parte da minha sociedade. Nós não podemos criar uma geração de estudantes que não entendam a ideia fundamental da ciência da vida, assim como não podemos criar uma geração que não entenda química, física ou aritmética.

Como e quando você encontrou o Criacionismo pela primeira vez?

Foi a mais ou menos 20 anos atrás. Eu era um membro da Northwest Skeptics (Céticos do Noroeste), que é uma organização cética baseada em Seatle. Nós conhecemos pessoas que insistiam na idéia de que a Terra tinha somente 6.000 anos de idade. Tamanha tolice me deixava sem fôlego! Quando você entende alguma coisa sobre astronomia ou tem um conhecimento rudimentar de radioatividade, a Terra, obviamente, não tem 6.000 anos de idade. É uma visão boba e ingênua.

Tem sido dito que uma boa forma de convencer alguém é apelar para suas emoções. O que você acha disso?

Esse é o meu negócio! No livro, eu passei muito tempo na primeira pessoa e isso foi proposital. A razão é que achamos as histórias convincentes. As histórias são como lembramos das coisas, como organizamos as coisas.

Quando contamos uma história na primeira pessoa é difícil de se gerar um sentimento de falsidade ou distância. Quando eu digo: "Eu me lembro de uma vez em que conheci o gorila Ivan", é difícil para o leitor ou ouvinte dizer: "Não, você não conheceu!"

Quando você diz: "Eu senti", é muito difícil para o leitor dizer: "Não, você não sentiu!". Sim, eu usei muito isso no meu livro.

O que te atraiu de primeiro para a ciência? Qual é sua conexão emocional com ela?

Quando eu me envolvi, de uma forma bem modesta, nas sondas espaciais Opportunity e Spirit, eu era aquele cara balançando os braços, pulando pra cima e pra baixo, dizendo: "Nós temos que por uma mensagem para o futuro nestas coisas!". E o cara que refinou o que eu estava sentindo foi o principal pesquisador, Steve Squyres. Eu tinha escrito "A euforia da descoberta" e ele disse, "Não, a alegria da descoberta".

E ele está absolutamente certo. O que nós queremos que todos experienciem na educação científica e na ciência em geral é a alegria da descoberta.

E eu definitivamente experienciei isso quando eu era um garoto. Eu observava as abelhas, observava e observava e pensava: "Como assim? Como eles podem fazer isso? Pra baixo e pra cima, pra trás e pra frente, enchendo-se de pólen. O pólen parecia que pesava duas vezes mais que elas e elas tinham essas pequenas asinhas. O voo sempre me fascinou.


A fascinação com o voo das abelhas atraiu Bill Nye para o mundo da ciência e da evolução.
Porque a ciência tem sofrido tantos ataques nestes últimos anos?

Eu penso sobre isso todo o tempo. Nossa habilidade de compartilhar informações tem sido fantástica, mas eu não penso que nós, como uma sociedade, tenhamos amadurecido o suficiente para separar as coisas boas das ruins. Se você tem a sabedoria eletrônica suficiente, você pode promover ideias obviamente erradas, em alto e bom som.

Outra coisa que tem acontecido é a promoção, por parte das companhias de combustíveis fósseis, da ideia de que a incerteza científica é a mesma coisa de "dúvida sobre tudo". Isto tem sido aplicado para as mudanças climáticas e para diversas coisas.

Mas eu acredito que estas companhias vão perceber que você não pode continuar competitivo economicamente, no mundo, sem cientistas de sucesso e especialmente engenheiros, pessoas que usam a ciência para resolver os problemas e criar as coisas. Eu acho que as pessoas vão perceber que você não pode ter sucesso ignorando a ciência.

Quais questões você espera que as pessoas aprendam com este livro?

A evolução é uma descoberta. Nós descobrimos a evolução. Dois caras (Charles Darwin e Alfred Russel Wallace), quase ao mesmo tempo, chegaram as mesmas conclusões sobre a natureza.

Uma outra coisa é a de que todos estamos nessa juntos, todos na Terra. Não existe tal coisa como "raças humanas". Existem tribos e sociedades, mas todos somos uma única espécie pois os humanos se movem sobre a Terra a pouquíssimo tempo, em termos evolucionários.


A Teoria da Evolução pode nos ajudar a entender nosso lugar e papel no universo, diz Bill Nye.

Alguma coisa mais?

A evolução me enche de reverência quanto ao nosso lugar no cosmos, o que eu gosto de chamar de "nosso lugar no espaço". Nós somos os produtos da poeira estelar, juntados pela gravidade. Nós somos uma das coisas que mais conhecemos do universo e isso é impressionante.

Uma outra coisa que devemos perceber é que a Terra é nosso lar. É tudo o que temos. É aqui que nós vivemos nossas vidas e não vamos para outro lugar, pelo menos não tão cedo.

Então nós temos que arrumar um jeito. Temos que cuidar deste lugar. Estas ideias e descobertas vêm da Evolução.

Fonte: National Geographic.

Nenhum comentário:

Postar um comentário